quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

OS CIGANOS

OS CIGANOS E AS PROFISSÕES

Junto com a modernidade, o aumento progressivo das cidades, os ciganos foram ficando cada vez mais limitados em suas andanças, tornando-se mais sedentários ou passando a morar mais tempo no mesmo lugar.


Assim as profissões mais freqüentes são as do comércio e as ligadas às artes, principalmente à musica. Cantores, compositores, músicos, dançarinos, surgem com suas melodias, passos marcantes de dança, como a flamenca da Espanha, trazendo alegria e energia contagiantes para os recintos onde se apresentam.

Ao longo do tempo fizeram e ainda fazem parte de troupes circenses, uma vez que o mundo do circo sempre mudando de lugar, combina perfeitamente com o pensamento e sentimento ciganos.

A leitura de cartas e das mãos pelas mulheres ciganas também rende dinheiro, porém essa atividade não é considerada uma atividade profissional, mas um ato de devoção à fé cigana.

O povo cigano é um povo honesto, que vive procurando manter sua dignidade e honradez, não sendo procedente a reputação de ladrões que lhes é imputada.





O CRIS-ROMANI

Para os ciganos a liberdade e a interação com a natureza constituem bens do mais alto valor e estima, o que os motiva a obedecerem à um código de ética e moral até rigoroso.

Nada mais enganoso que julgá-los estroinas, devassos, desregrados ou amorais. Seu amor pela família e pelo grupo, sua consciência que é o seu reto proceder - talvez a única forma de preservar e perpetuar suas origens e o próprio povo.

São obedientes às leis universais, como não roubar e não matar. Quando um cigano ou uma cigana infringe as leis é convocado o Tribunal de Justiça ou o Cris-romani, formado por ciganos idosos ou pelos mais velhos do grupo, que julgam os infratores, procurando exercer seu papel com o mais alto sentido de responsabilidade e respeito.

O Cris-romani é falado totalmente em romani, e nele somente os homens podem se manifestar. No caso de o infrator ser uma mulher, um homem fala por ela fazendo seus apelos e oferecendo suas explicações ou justificativas.




TRIBOS OU CLÃS?

Os Ciganos não gostam e não aceitam a palavra tribo para denominar seus grupos, pois não possuem chefes equivalentes aos caciques das tribos indígenas, nas mãos de quem está o poder.

“Os ciganos também não possuem pajés ou curandeiros, ou ainda um feiticeiro em particular, pois cada cigano e cigana tem seus talentos para a magia, possui dons místicos, sendo portanto um feiticeiro em si mesmo. Todo povo cigano se considera portador de virtudes doadas por Deus como patrimônio de berço, cabendo à cada um desenvolver e aprimorar seus dons divinos da melhor e mais adequada maneira.


Existem autores que citam que cada grupo cigano tem seu feiticeiro particular denominado kakú, porém esta palavra no idioma romani significa apenas tio, não tendo qualquer credibilidade esta afirmação.

Os ciganos preferem e acham mais correto o termo clã para denominar seus grupos.




A FAMÍLIA

 O comando da família é exercido de maneira completa e responsável pelo homem. Ele é o líder e à ele competem a proteção, a segurança e o sustento da família. A mulher e os filhos o respeitam como máxima autoridade e lhe são inteiramente subordinados.

São os homens que resolvem as pendências, acertam o casamento dos filhos, decidem o destino da viagem e se reúnem em conselhos sobre assuntos abrangentes e comuns ao Clã.

As mulheres ciganas não trabalham fora do lar e quando vão às ruas para ler a sorte, esta tarefa é entendida como um cumprimento de tradições e não como parte do sustento da família, apesar de elas entregarem aos maridos todo o dinheiro conseguido.

Os ciganos formam casais legítimos unidos pelos laços do matrimônio, não fazendo pare de seus costumes viverem amasiados ou aceitarem o concubinato. Vivem juntos geralmente até a morte e raramente ocorrem entre eles separações ou divórcios, que somente acontecem se existir uma razão muitíssimo grave e com decisão do Tribunal reunido para julgar a questão.

Os pares ciganos, marido e mulher, são muito reservados e discretos em público, não trocando nenhum tipo de carinho que possa ser entendido como intimidade, que é vivida somente em absoluta privacidade.

Enquanto o homem representa o esteio e o braço forte da família, a mulher significa o lado terno e de proteção espiritual dos lares ciganos.

Cabe às mulheres cuidarem das tarefas do lar e as meninas ficam sempre ao redor da mãe, auxiliando nos trabalhos da casa, ajudando a cuidar dos irmãos menores e aprendendo as tradições e costumes como a execução da dança, a leitura das cartas e das mãos, a realização dos rituais e cerimônias, os preceitos religiosos.

Se uma criança ou jovem cigano sai dos eixos, tem um comportamento inadequado ou procede mal, geralmente mulher é responsabilizada por tais feitos.



OS REPRESENTANTES DA SABEDORIA

Talvez em todo o clã cigano, sejam os idosos os merecedores da mais alta estima e respeito. Eles são vistos e tratados como os detentores da sabedoria, da experiência de vida acumulada e seus conselhos são ouvidos pelos jovens e pelos adultos como sendo a voz do conhecimento aprendido na prática da vida do dia-a-dia.

Responsáveis pela transmissão oral dos ensinamentos e tradições, eles são considerados como sábios, o passado vivo e manda a tradição que os mais jovens lhes beijem as mãos em sinal de respeito. Possuem lugar de destaque nas festividades e cerimônias, atuando também como conselheiros e consultores nos tribunais de justiça.

Eles são cuidados com desvelo e tratados com toda a dignidade pelos demais. Esta forma de tratamento faz com que se mantenham lúcidos até o final de suas vidas, pois nada é mais doentio para uma pessoa idosa de qualquer sociedade do que ser tratada como resto, uma pessoa inútil e sem valor, um fardo ser carregado pelos mais jovens.





NASCIMENTO


O nascimento de uma criança na família é um evento muito especial. Uma criança nova confirma a continuação da linha familiar e acrescenta respeito a esta. Apesar de famílias grandes ser comum entre os Rom, nem todos os Roma possuem famílias grandes. O anuncio da vinda de uma criança requer certos costumes a serem observados para a introdução de um bebê saudável na família.

Regras rígidas começam a ser observadas no momento da gravidez antes do nascimento em si de uma criança Rom. A maioria dessas regras são baseadas na crença de que a mulher é marimé, ou impura, durante a gravidez e por um período depois do nascimento da criança até o seu batismo. Quando uma mulher se certifica de que está grávida, ela conta ao seu marido e às outras mulheres na comunidade.

A gravidez assinala uma mudança em seu status no grupo. A gravidez significa que a mulher é "impura" e deve ficar isolada o tanto quanto possível de toda a comunidade. Ela se relaciona somente com as outras mulheres na comunidade. Apesar dela continuar vivendo em casa, seu marido pode passar somente poucos períodos de tempo com ela durante a gravidez. Normalmente ele assume as tarefas domésticas quando ela não é mais capaz de fazê-las.

A partir do nascimento, um Rom está sujeito 'a leis e costumes desenvolvidos por séculos e expressados pela Romaniya. Enquanto a severidade de muitas das leis tradicionais vai diminuindo com o tempo, traços delas ainda permanecem. Estas leis variam de tribo para tribo e de país para país. A vida dos Rom é uma vida dura, de constante exposição e perambulação de lugar para lugar. Por estas razões, a severidade tem sido essencial para sua sobrevivência, e rituais severos podem ser observados no momento do nascimento.

Tradicionalmente, o nascimento não pode acontecer na casa da família, seja uma tenda ou um vagão; porque se tornaria "impura". Por causa disto, um número cada vez maior de mulheres Roma preferem deixar o acampamento e suas casas para dar a luz em um hospital, apesar de seus desdém pelo jeito não-Rom de vida.

Não é porque elas pensem que irão receber um tratamento melhor, e sim porque desse jeito elas não irão manchar as suas casas. É permitido dar uma assitência ao parto se este acontece fora de um hospital, indicado por uma parteira, ou possivelmente por alguma outra mulher que tenha a experiência da maternidade.

Existem uma variedade de rituais que devem preceder o nascimento. Um ritual em algumas tribos envolve o desatar de certos nós para que o cordão umbilical não corra risco de ter um nó. Algumas vezes todos os nós nas roupas da gestante são desfeitos ou cortados. Outras vezes, o cabelo da gestante será solto se estiver preso com um pino ou amarrado com uma fita.

À nova mãe é permitido que toque somente objetos essenciais durante os meses de quarentena. Os objetos que ela toca, tais como utensílios para cozinhar e para comer ou lençois, se tornam impuros e mais tarde eles são destruídos. Apesar de tudo isto terminar com o batismo do bebê, algumas tribos são excessivamente cautelosas. Para estas tribos, ainda levam de dois a três meses até que a nova mãe possa se aproximar de seu marido ou retomar suas tarefas domesticas sem o uso de luvas.

Outros rituais simbólicos envolve o reconhecimento formal do rebento por seu pai. Em algumas tribos Roma, a criança é embrulhada em faixas onde tem algumas gotas do sangue paterno. Em outros casos, a criança é coberta com uma peça de roupa que pertança ao pai. É tradicional em outras tribos a mãe colocar o bebê no chão. O pai a apanha e coloca uma tira vermelha em torno de seu pescoço, reconhecendo assim que a criança é sua.

Em algumas tribos a mãe não pode ser vista por homem algum, exceto o marido, até o dia do batismo. O marido enfrenta restrições também. Ele fica proibido de sair entre o por do sol e o nascer do sol para ficar longe de espíritos malígnos, chamados tsinivari, que podem atacar a criança durante a noite. Estes espíritos malígnos atacam a mão também. E somente outras mulheres, e nunca o marido ou outros homens, podem proteger a mãe por causa de sua condição marimé.

O batismo acontece algumas semanas ou alguns meses depois do nascimento, mas é mais comum entre duas a três semanas. Durante este período a mãe e a criança são isoladas da comunidade. Antes do batismo o nome da criança não pode ser pronunciado, ela não pode ser fotografada e em alguns casos o rosto da criança não pode ser mostrado em público.

Este período não termina até o batismo quando as impurezas são lavadas pela imersão na água. Esta é a prática mais freqüente de lavar a criança em água correte, um ato separado de qualquer batismo subseqüente. Depois de lavá-la, a criança é massageada com óleo para fortalecê-la. Em alguns casos, amuletos ou talismãs são usados para proteger o bebê de espíritos malígnos.

Depois da purificação pela água, o bebê formalmente se torna um ser humano e pode então ser chamado pelo nome. Este nome, estretanto, é apenas um dos três que a criança levará por toda a sua vida:

- O primeiro nome dado permanece um segredo para sempre. A Tradição entende que este nome é sussurrado pela mãe, a única que sabe na hora do nascimento e este nunca é usado. O propósito deste nome secreto é para confundir os espíritos sobrenaturais e afastar a verdadeira identidade deles.

- O segundo nome é um nome Roma, aquele usado entre ele, os Rom. Este é conferido informalmente e usado somente entre eles.

- O terceiro nome é dado em um segundo batismo e ocorre de acordo com a religião dominante do país onde a criança nasceu. Este tem pouca importancia para os Roma e é somente uma necessidade prática para ser usado quando em contato com os não-Rom.

Os pais Rom são considerado extremamente permissivos na criação de seus filhos, de acordo com os padrões não-Roma. Isto não significa que os anos que se segue sejam fáceis. O rigor e as dificuldades na existência dos Roma tornam as crianças fortes. A criança possui um lugar especial no seio da família, adorado e guardado por seus pais.

É responsabilidade de todos na família ajudar a cuidar da criança. Ele ou ela aprende e realiza suas habilidades de seus pais, primeiro como um processo de imitação e finalmente ajudando os seus pais no que for preciso. Muito também é aprendido na observação da comunidade de jeito Rom de viver.


O RITUAL DO NASCIMENTO

Toda a criança é bem-vinda entre os ciganos. A preferência é dos filhos homens, para dar continuidade ao nome da família. Após o parto a mulher cigana é considerada impura durante os 40 dias de resguardo. Logo que nasce uma criança, o mais velho do clã prepara um pão e um vinho para oferecer às três "fadas do destino", que visitarão a criança no terceiro dia para designar sua sorte. No dia seguinte, o pão e o vinho serão repartidos com os demais do grupo, principalmente as outras crianças, para atrair proteção e prosperidade. Para espantar os maus espíritos, a criança recebe um patuá com uma cruz bordada e com incenso. O batismo é feito por qualquer membro do grupo e consiste em benzer o recém-nascido com água, sal e um galho verde.

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